Sem tempo, sem
vento
Sem rumo, sem
vela
Os sonhos guardados
no bolso
A gravata, o
relógio...
Pura vaidade
Dos olhos de
peixe morto
A olhar o
velório
O peso da idade
Reduz a vontade
De ser e saber e
fazer
Mãe, eu quero
ser grande
Quando eu
crescer
Pra tomar café
E ler jornal.
O que diz
A vizinhança?
O que sabem
Os poucos moucos
Que entram na
dança?
O que pensou
Maria?
O que ela disse
Pras crianças?
O que pensa Seu
Jorge
Quando ele vê
A tua maluquez?
Será que ele
sabe
Que enlouquecer
É melhor que
viver sem paz?
Mateus aprendeu
Desde cedo que a
vida
É conhecer as
regras do jogo.
Celine acredita
Que pimenta é
sempre
Refresco nos
olhos dos outros.
Patrícia
trancou-se
No quarto da avó
Pra morrer de
propósito.
E eu pensando
Que viver
Fosse coisa
fácil!
Ser ou não
ser...
Só questão
De deixar o
mingau.
Minhas más
lembranças,
Leve-as embora
Pro bem do meu
Saint Chupança.
Deixe os cabelos
Brancos da minha
infância.
Prefiro ser
morto
Quando eu morrer
Mas antes vou
viver.
Preciso ser
outro
Quando eu nascer
De novo
Da água
Sem gás.
Eita, vida besta
Meu Deus, eita
Vida besta.
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