domingo, 6 de abril de 2014

O Poeta, O Fotógrafo, O Bêbado.

O mau poeta
Entardecido, mente
Tão malmente
Que mal mente a si próprio.

Convertida, pois,

A calma em opróbrio,
As lentes dão
A lentidão. As lentes 

Do poeta como

As de um fotógrafo
São. Só mente 
Pra fitar de perto

A moça

Cujo rosto e gestos
São vitais
A cada texto, cada foto

Como o sol
É para começar o dia.
O dia inteiro
O cavalheiro mente os ossos

Do ofício;

Mente sua calmaria,
Mente sobre
A distinção do seu negócio.

Mente so
mente 
Pra não perder o senso.
E, mente só;
Ninguém compactua.

Em mente, os próis,

Os contras e as suas
Inverdades
Mal vestidas (quase nuas)

Revestidas

De silêncio sério e bruma,
De candura
E de obviedade.

O fotógrafo

Faz versos toda tarde
Em que o poeta
Fotografa sua musa

Anexando

A própria alma ao retrato
Como um bêbado
Que faz de sua sede

Um bom motivo

Pra ser tolo e correr mundo
Seja o mundo
Uma calçada ou uma rede,

Seja a rede

De descanso ou de pesca,
Seja a pesca
Por esporte ou por vontade

De encontrar

Uma sereia na cidade
Para amar
A vida toda sem ter pressa.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Que lindo, Fotógrafo Encantado! <3

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  3. O entardecer chega para todos, e às vezes as lentes apenas servem para registrar o que queremos ver, o que nem sempre condiz com a verdade. A mentira do poeta é a verdade mais possível para uma alma cansada.

    Ótimo texto, poeta

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    1. Puxa vida! Teu comentário é quase um poema.

      Obrigado.

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