O mau poeta
Entardecido, mente
Tão malmente
Que mal mente a si próprio.
Convertida, pois,
A calma em opróbrio,
As lentes dão
A lentidão. As lentes
Do poeta como
As de um fotógrafo
São. Só mente
Pra fitar de perto
A moça
Cujo rosto e gestos
São vitais
A cada texto, cada foto
Como o sol
É para começar o dia.
O dia inteiro
O cavalheiro mente os ossos
Do ofício;
Mente sua calmaria,
Mente sobre
A distinção do seu negócio.
Mente somente
Pra não perder o senso.
E, mente só;
Ninguém compactua.
Em mente, os próis,
Os contras e as suas
Inverdades
Mal vestidas (quase nuas)
Revestidas
De silêncio sério e bruma,
De candura
E de obviedade.
O fotógrafo
Faz versos toda tarde
Em que o poeta
Fotografa sua musa
Anexando
A própria alma ao retrato
Como um bêbado
Que faz de sua sede
Um bom motivo
Pra ser tolo e correr mundo
Seja o mundo
Uma calçada ou uma rede,
Seja a rede
De descanso ou de pesca,
Seja a pesca
Por esporte ou por vontade
De encontrar
Uma sereia na cidade
Para amar
A vida toda sem ter pressa.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQue lindo, Fotógrafo Encantado! <3
ResponderExcluirO entardecer chega para todos, e às vezes as lentes apenas servem para registrar o que queremos ver, o que nem sempre condiz com a verdade. A mentira do poeta é a verdade mais possível para uma alma cansada.
ResponderExcluirÓtimo texto, poeta
Puxa vida! Teu comentário é quase um poema.
ExcluirObrigado.